Curso de Reiki

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Qual o sentido do perdão?

Qual o sentido do perdão?
                Tenho tido várias experiências e lido muitas coisas que me mostram a importância do perdão. Mas afinal, o que é perdoar? É esquecer por completo a ofensa que o outro nos fez? Esta é uma definição muito comum. Mas como esquecer? Não é tão simples assim. São inúmeras dúvidas e várias respostas, mas o fato é que em geral não temos habilidade para perdoar. Uma definição interessante que achei foi: “O perdão é um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa ou contra si mesmo”*. Até aí gostei, é verdade, mas logo abaixo diz-se que o ato de conceder perdão a alguém faz com quê o ofendido esqueça por completo e absoluto a ofensa. Acredito que não é assim. Se uma pessoa tirou a vida de um filho meu, algum dia eu esquecerei isto? Nunca. Então seria impossível perdoar nesse caso? Acredito que há maneiras de perdoar em todas as circunstâncias.
                Entendo que quando julgamos alguém, quando não perdoamos estamos nos colocando na posição de juízes, nos damos o direito de sentenciar alguém, de condenar. Quando achamos que perdoar é o fato de absolvermos alguém estamos com a mesma atitude. Estamos nos colocando na posição de “sentenciadores”. Acredito que perdoar seja exatamente o contrário, isto é, sair da posição de sentenciadores. Perdoar é simplesmente fazer com quê a atitude que alguém cometeu pare de lhe incomodar tanto. Perdoar é sair do campo de sentenciadores. Assim, se alguém me fere hoje e fico muito magoada, estou agindo na posição de julgadora. Eu estou julgando que a pessoa que me ofendeu não poderia em hipótese alguma fazer aquilo comigo. Talvez não pudesse mesmo, mas para perdoar isto não vem ao caso. Perdoar não é concordar e dizer um ‘tudo bem’ para a atitude praticada. É aceitar que a pessoa cometeu algo que me desagradou e, no entanto, não sou o responsável pelo julgamento. Talvez seja mais fácil perdoar quando temos em mente que erramos a todo momento e, às vezes, nem nos damos conta disso. Erramos sem saber e sabendo também e depois nos arrependemos, nos torturamos. Para esse último caso seria necessário o autoperdão.
                Como se autoperdoar? É assumir a responsabilidade do ato sem culpa e sem justificativas. Se eu justifico que trai meu melhor amigo porque achei que era necessário, por exemplo, não estou me perdoando, estou me justificando e isso não é assumir a responsabilidade do erro. Quando assumo que errei, que fiz a escolha errada, sem justificativas, estou me perdoando, estou me colocando apto a dar a volta por cima, a corrigir meu erro. Voltando ao exemplo de um ser humano que tirou a vida de um ente querido, como seria o perdão? Seria aceitar a falha, deixar o ser que cometeu tal ato sem punição? Claro que não, existe uma lei universal que é a da ação e reação. Toda ação tem uma reação, independente de perdão, então perdoar é isso, não assumir a responsabilidade de sentenciador e entender que você não é o responsável pela sentença. Há pessoas que entendem que perdoar é não vingar. Daí, se são ofendidas, não vingam, mas ficam amarguradas desejando que o mal reine sobre o ofensor. Isso também não é perdoar, isso é não vingar, é diferente.  Perdoar é não se responsabilizar pela atitude do outro. É poder dizer, “eu transfiro a você a responsabilidade de seus atos, não lhe julgo, transfiro totalmente a você esta responsabilidade”. Imagine se você diz isso para alguém que o ofendeu, se quiser ou tiver a oportunidade, diga, expresse verbalmente a alguém. Diga: “eu não me responsabilizo por seus atos, transfiro esta responsabilidade a você, cabe a você se julgar e refletir, eu não o julgo.” Se você diz isso, talvez a pessoa que o ofendeu sentirá um fardo pesado no momento, mas isso já não é problema teu, é de quem o ofendeu. Já viram casos em que a pessoa perdoada chora absurdamente? Pois é, este é o reflexo de quando devolvemos o fardo, a responsabilidade dos atos à própria pessoa. E por que nos sentimos tão bem ao perdoar? Porque deixamos de carregar um fardo que não era nosso, tiramos das nossas costas o peso da responsabilidade e devolvemos à própria pessoa.
                Bert Hellinger, alemão criador da Constelação familiar, nos adverte que também não devemos pedir desculpas ou pedir perdão quando ofendemos, mas sim dizer que sentimos muito. Sentir muito é o mesmo que dizer: reconheço que errei, assumo a responsabilidade de meus atos. Pedir desculpas ou pedir perdão significa que você sabe que ofendeu, está em débito com a pessoa e, ainda assim, quer mais um favor:o perdão ou a desculpa. Pode parecer detalhes linguísticos, mas tais expressões possuem significados distintos e atuam de diferentes modos. É bom perceber as significações e escolher a que melhor lhe aprouver. 

                                                                                         Gisele Aguiar          


   


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